Amanda Magalhães de Almeida

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Cultura Afro-Brasileira.

Afro-brasileiro


Pintura de Jean Baptiste Debret
O termo afro-brasileiro designa tanto pessoas com ascendência africana quanto objetos e cultura oriundos da vinda de negros africanos para o Brasil.
O Brasil tem a maior população de origem africana do mundo. Segundo o IBGE, os auto-declarados negros representam 6,3% e os pardos 43,2% da população brasileira, ou seja, oitenta milhões de brasileiros. A maior concentração de afro-brasileiros dá-se no estado da Bahia, onde 80% da população é de ascendência africana.

História

Pintura de Debret (1835)
O Brasil recebeu 37% de todos os escravos africanos que foram trazidos para as Américas, totalizando mais de três milhões de pessoas. O tráfico de negros da África começou por volta de 1550.


Durante o período colonial, a escravidão era a base da economia do Brasil, principalmente na exploração de minas de ouro e cana-de-açúcar. A escravidão foi abolida gradualmente no decorrer do século XIX, sobretudo por pressão da Inglaterra. Embora desde 1850 o tráfico de escravos fosse proibido no Brasil, através da lei Eusébio de Queirós, só em 1888 a escravidão foi definitivamente abolida, através da Lei Áurea, assinada pela Princesa Isabel.


Origens


Os africanos mandados para o Brasil pertenciam principalmente a dois grandes grupos: os oeste-africanos (antigamente chamados de Sudaneses) e os Bantu. Os bantu, nativos de Angola, Congo e Moçambique foram mandados em larga escala para o Rio de Janeiro, Minas Gerais e para a zona da mata do Nordeste. Os Sudaneses, nativos da Costa do Marfim e de influência muçulmana foram mandados em grande número para a Bahia. Outros grupos étnicos menores vindos da África são os, Yoruba, Fon, Ashanti, Ewe e outros grupos nativos de Gana, Benim e Nigéria. Em décadas recentes muitos negros africanos têm vindo ao Brasil, especialmente de países que falam português como Cabo Verde e São Tomé e Principe, devido às oportunidades comerciais oferecidas pelo país.biscate

Demografia


Os negros e mulatos, durante séculos, formaram a maioria da população. O crescimento da entrada de escravos africanos a partir do século XVI, o extermínio dos indígenas e a relativa pouca imigração de colonos portugueses contribuíram para o surgimento de uma maioria de afro-descendentes no Brasil.

Em 1872, os negros e mulatos eram seis milhões de pessoas no Brasil--cerca de 60% da população. Os brancos apenas 37%. Em 1890, os afros eram oito milhões (57% da população) e, os brancos, 43%. Com a entrada do século XX, os afro-brasileiros deixaram de representar a maioria da população. Em 1950 somavam dezenove milhões de pessoas (38% da população) e, os brancos, 62%. Os fatores que contribuíram para uma brusca diminuição no número de negros e mulatos foram diversos: a grande imigração européia no Brasil em fins do século XIX contribuiu para um grande crescimento no número de pessoas brancas. A mortalidade entre os afro-descendentes também era maior, tendo em vista que a maior parte não tinha acesso ao saneamento básico. Além do mais, a miscigenação entre brancos e mestiços cresceu, gerando um grande número pessoas fenotipamente brancas.
Atualmente os afro-descendentes são cerca de oitenta milhões (44,7% da população brasileira), se considerar-se todos os pardos como afro-descendentes.

Distribuição geográfica

Desde os tempos coloniais houve uma divisão irregular da população afro-descendente no Brasil: lugares como o Nordeste tinham uma grande população africana, enquanto lugares como o Sul tinham populações menores. Atualmente, essas diferenças regionas continuam evidentes, porém, pode-se encontrar populações negras em todas as regiões brasileiras.
Os estados do Norte e Nordeste abrigam a maior concentração de pessoas que se declaram pardas. Todavia, é evidente que, no caso do Norte, a maior parte dessas pessoas são de origem indígena e, no caso do Nordeste, predominam os afro-descendentes. Os estados com maior população afro-descendente são a Bahia, com 13% de pretos e 60,1% de pardos, o Maranhão com 9,6% de pretos e 62,3% de pardos e Alagoas com 5% de pretos e 59,5% de pardos.
Depois do Nordeste, a Região Sudeste tem o maior número de afro-descendentes, seguida pelo Centro-Oeste. A Região Sul tem os menores índices de afro-descendentes, sendo o estado de Santa Catarina com a menor porcentagem, apenas 8,5% de pessoas que se declararam negra/parda.

Miscigenação

Durante os séculos XVII e XVIII, os negros eram a maioria da população brasileira - em 1800, os negros eram 47% da população, contra 30% de mulatos e 23% de brancos. Essa situação se inverteu no século XIX — em 1880, os negros estavam reduzidos a 20% da população, contra 42% de mulatos e 38% de brancos. Um dos fatores mais importantes para a diminuição da população negra no Brasil foi a miscigenação. A miscigenação entre brancos e negros no Brasil ocorreu desde o início do tráfico negreiro. A reduzida população de mulheres brancas acabou por acarretar em um grande número de relacionamentos entre portugueses e africanas. Esse fenômeno não foi exclusivo da América Portuguesa, tendo ocorrido em toda a América Latina e América do Norte. A partir do século XIX, também tornaram-se mais comuns relacionamentos entre mulheres brancas e homens negros.
Alguns mulatos eram alforriados e, em grupos mais restritos, educados, todavia, a maior parte continuava a ser escravo. Também houve a miscigenação entre os africanos e os indígenas brasileiros, dois quais descendentes são denominados cafuzos.

Pesquisas genéticas em afro-brasileiros


Uma recente pesquisa genética, encomendada pela BBC Brasil, analisou a ancestralidade de afro-brasileiros. A pesquisa contou com a participação de 120 brasileiros auto-declarados negros de São Paulo.
Para tal, foram analisados o cromossomo Y, herdado do pai, e o DNA mitocondrial, herdado da mãe. Ambos são passados de geração em geração e, por não se misturarem com outros materiais genéticos, permanecem intactos, salvo raras exceções de mutação. Analisando-os, pode-se encontrar a informação de que parte do mundo um ancestral relativamente próximo de uma pessoa veio.
Concluiu-se que, do lado paterno, metade (50%) dos negros brasileiros analisados têm um antepassado que veio da Europa, 48% que veio da África e 1,6% que era indígena. Do lado materno, 85% têm uma antepassada africana, 12,5% índia e apenas 2,5% européia. A explicação para uma maior ancestralidade européia no lado paterno de negros brasileiros e uma maior ancestralidade africana do lado materno se deve ao fato de que, por muito tempo na História do Brasil, havia mais homens brancos que mulheres brancas. Por esse fator, as relações inter-raciais entre homens europeus e mulheres africanas ou indígenas eram bastante comum.

Pesquisa genética em negros brasileiros famosos

A pesquisa genética, efetuada à pedido da BBC, também analisou a ancestralidade de afro-brasileiros famosos. Novamente, surpreendeu, ao mostrar que pessoas auto-classificadas e consideradas negras perante à sociedade, apresentam alto grau de ancestralidade européia.
A ginasta Daiane dos Santos descobriu que é mais européia que africana: a atleta gaúcha tem 39,7% de ancestralidade africana, 40,8% européia e 19,6% ameríndia.O sambista Neguinho da Beija-Flor, cuja aparência é bastante africana é, majoritariamente, de origem européia: 67% de seus genes vieram da Europa e apenas 32% vieram da África. A atriz Ildi Silva, que se considera negra ou mulata é, predominantemente, branca: 71,3% de genes europeus, 9,3% indígenas e apenas 19,5% africanos. Os olhos verdes da atriz foram herdados de antepassados holandeses. A mais africana do grupo de celebridades analisadas foi a cantora Sandra de Sá, cuja ascendência é 96,7% negra. O mais africano foi Milton Nascimento, com 99,3% de genes subsaarianos.

Quantos brasileiros são descendentes de africanos?


A partir de estudos genéticos, 45% ou 77 milhões de brasileiros possuem 90% ou mais de genes africanos subsaarianos. Mais de 75% dos brancos do Norte, Nordeste ou Sudeste apresentam ancestralidade africana superior a 10%. Mesmo no Sul, com seu marcante histórico de imigração européia, este valor é na ordem de 49%. Em comparação, nos Estados Unidos apenas 11% dos brancos apresentam mais de 10% de genes africanos.
Conclui-se que 86% dos brasileiros, ou 146 milhões de pessoas, possuem mais de 10% de genes africanos.Evidência de miscigenação em brancos brasileiros

Religião


Embora a maioria dos escravos trazidos da África tenha sido convertida ao Catolicismo, algumas religiões de origem africana conseguiram sobreviver, seja através de prática secreta como é o caso do Candomblé, do Batuque e outros, ou através do sincretismo religioso (Umbanda, por exemplo). A prática do sincretismo foi conveniente, particularmente pelo fa(c)to de que os escravos ganharam o direito a reunir-se em irmandades.
Além da participação nas irmandades, o sincretismo manifestou-se igualmente pela tradição de batizar os filhos e casar-se na Igreja Católica.
Segundo o IBGE, 0,3% dos brasileiros declaram seguir religiões de origem africana, embora um número maior de pessoas sigam essas religiões de forma reservada.

Lista de religiões afro-brasileiras
Batuque
Macumba
Quimbanda
Xambá
Culto aos Egungun
Culto de Ifá
Irmandade
Confraria
Sincretismo
Xangô do Nordeste
Tambor-de-Mina
Umbanda

Cozinha


A cozinha brasileira deriva em grande parte da cozinha africana, mesclada com elementos da cozinha indígena e portuguesa. Na Bahia, principalmente, pratos como vatapá e moqueca são típicos da culinária afro-brasileira.
A feijoada é o prato nacional do Brasil. É basicamente a mistura de feijões pretos, carne de porco e farofa. Começou como um prato português que os escravos negros modificaram.

Capoeira

Capoeira é uma arte marcial desenvolvida inicialmente por escravos negros no Brasil, a partir do período colonial. A capoeira é marcada por movimentos que enganam o oponente, geralmente feitos no solo ou completamente invertidos. Ela também tem um forte componente acrobático em algumas versões e é sempre praticada com música.
Recentemente, a capoeira tem sido bastante popularizada, sendo até o principal tema de vários jogos de computador e filmes, e é freqüentemente mencionada na música popular brasileira.

Música


A música criada pelos afro-brasileiros é uma mistura da música portuguesa, indígena e africana, produzindo uma grande variedade de estilos.
A música brasileira foi fortemente influenciada pelos ritmos africanos, como é o caso do samba, maracatu, carimbó, lambada e o maxixe. Embora se tenha mantido por muitos anos na marginalidade, a música afro-brasileira ganhou notoriedade em meados do século XX, até se tornar o estilo musical mais difundido no Brasil.



Instrumentos afro-brasileiros
Afoxé
Agogô
Atabaque
Berimbau
Tambor
Xequerê
Tambores.

Afro-brasileiros famosos

Nos esportes

Futebol


Pelé
Ronaldinho
Robinho
Grafite
Dida
Cafu
Denílson
Rivaldo
Leônidas da Silva
Jairzinho
Garrincha
Didi
Ademir da Guia
Zizinho
Ronaldo
Amarildo
Vavá
Djalma Santos

Capoeira
Mestre Amen Santo
Mestre Barba Branca
Mestre Bimba
Mestre Cobra Mansa
Mestre João Grande
Mestre João Pequeno
Mestre Jogo de Dentro
Mestre Moraes
Mestre Pastinha
Mestre Pé de Chumbo

Outros esportes
Daiane dos Santos - ginástica
Anderson Silva - artes marciais
Diogo Silva - taekwondo
Leandro Barbosa - basquetebol
Janeth Arcain - basquetebol
Jadel Gregório - atleta
Nelson Prudêncio -atleta
Zuluzinho - lutador de wrestling

Atores
Grande Otelo
Abdias do Nascimento
Taís Araújo
Glória Maria
Seu Jorge
Helio de la Peña
Norton Nascimento
Milton Gonçalves
Lázaro Ramos
Darlan Cunha
Douglas Silva
Mussum
Zezé Motta

Na música

Gilberto Gil
Alcione
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Djavan
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Gilberto Gil
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Luciana Mello
Mr. Catra
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